quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Quebra-cabeça

Chega um momento na vida em que algumas coisas que defendemos tanto perdem completamente o sentido... De repente você olha pra alguém que lhe parecia um quebra-cabeça e você entende, você encaixa peça por peça como se houvesse feito isso por toda a sua vida... Você se coloca no lugar dessa pessoa de tal forma que parece sentir suas dores e anseios nos próprios poros... Você pega seus interesses mesquinhos e egoístas e os lança fora do espetáculo.
Como seria viver em um mundo onde as pessoas não pensassem apenas em si mesmas? Como seria se todos se aproximassem uns dos outros com a única intenção de fazer bem a alguém sem esperar nada em troca? Não seríamos todos recompensados com amor e paz? A verdade é que todo mundo quer as coisas boas que os outros podem lhe oferecer, mas não se preocupa em oferecer o seu melhor ao outro.
E se aquilo que o outro vive e sente não está de acordo ou de alguma forma contraria o seu próprio desejo o que fazer senão rejeitar, eliminar, execrar, esquecer o outro? É assim que é. É assim que tem sido.
Não aceito mais olhar para as pessoas dessa forma. Não está no meu quadro de expectativas e critérios... Fora. Não, não pode mais ser assim.
Logo eu, que suplico por compreensão, logo eu, que não aceito injustiças, logo eu, que sofri tanto por não ser amada apenas pelo que sou, mas sim pelo que deveria ser... Quem sou eu para impôr alguma condição àqueles que eu deveria simplesmente amar e compreender em tudo o que significam como pessoas?
Quem sou eu para não montar o quebra-cabeça? Se me entregam as peças uma a uma, ainda que com receio de que elas se quebrem em novas e doloridas partes?
Dizem que todos nós nos encontramos com os outros munidos de um pacote... Neste pacote está tudo aquilo que vivemos, todas as marcas de alegria e as cicatrizes das nossas feridas... Quem você se tornou depende deste pacote. Não há um pacote igual ao outro, jamais reconheceremos os nossos nos outros. Cabe a cada um abrir o pacote do outro e compreender quem é a pessoa a sua frente. Ou simplesmente se agarrar ao próprio pacote e morrer só com ele.
Feridas se curam. Cicatrizes se apagam. Mas só há uma chance para que isso aconteça... Não machucar mais.
Não me permito mais ferir quem quer que seja com meu egoísmo, meu egocentrismo, meu sentimento de posse, meus próprios anseios e desejos.
E aperto o foda-se no que diz respeito a mim mesma daqui pra frente.
O segredo da felicidade é tão óbvio e parece tão absurdo que ninguém consegue enxergar e portanto ninguém mais consegue ser feliz... Ninguém monta o quebra-cabeça para chegar nesta figura esdrúxula, neste quadro que beira o ridículo. Que o outro esteja acima de si mesmo e então você terá a honra e a felicidade que sempre procurou. Amar o próximo está muito além de um simples mandamento. Cristo nos entregou o caminho para a felicidade e não queremos entender.
Preferimos a vida vazia e cheia de satisfações pessoais sem sentido a entregar os pontos e admitir que o orgulho, o ser cheio de si mesmo, a intolerância e a vaidade não são nada... Não valem nada. Não somam nada. Não significam nada. E nunca, jamais te fez feliz.
Raquel, você não me importa mais. O que você sente não me importa. O que você deseja não me importa. Em algum lugar haverá alguém para montar seu quebra-cabeça e cuidar de você.
Eu agora só penso naqueles que por alguma razão estão em minha vida, naqueles que por alguma razão o impossível trouxe para perto me entregando suas peças...
E como alguém me disse esses dias... É mais fácil crer que o impossível aconteça do que no que é possível.
Eu apenas creio que de alguma forma, em algum momento, não importa quando, nem como, nem onde... Quebra-cabeças se montem. Para felicidade de todos nós...



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