domingo, 27 de março de 2011

Mudanças

Não entendo porque ainda hoje temo e tremo diante das mudanças.
Não foi necessário mudar tantas e tantas vezes até aqui? Eu já não deveria ter me acostumado? Não deveria entender que todos os dias tudo é diferente e por mais que façamos planos nossas vidas nunca estão totalmente sob nosso controle?
Não, nunca me acostumo a mudar. Me sinto sempre "pega de surpresa". Acho que a verdade é que sou perdidamente apaixonada por uma calma, repetitiva e previsível rotina. E quando é preciso encarar o novo fica no ar aquela sensação do "E agora? O que será? O que será?". Você sente frio na barriga, medo do desconhecido, ansiedade... E normalmente o que vem com a mudança não é nada daquilo que você imaginou que seria... No fim você tira de letra e quando se dá conta já se habituou à nova situação e bola pra frente... Então do nada... Tudo muda denovo... E lá está você denovo roendo as unhas, pensando "E agora?".
Todo mundo gosta de dar o conselho: Não sofra por antecipação, não se preocupe antes do tempo... Mas, por Deus, tem alguém que consiga agir assim?
Se alguém consegue me conta a fórmula... Porque até hoje não sei o que fazer para acalmar os ânimos diante das mudanças... Eu imaginava que quando estivesse mais velha eu saberia lidar com tudo... Descobri que sempre estamos esperando um "estar mais velhos e mais maduros" que nunca chega...
Mas mudar é evoluir, mudar é crescer, mudar é viver... Quem quer ser igual sempre?
E bem disse Shannon Hoon do Blind Melon: "Quando a vida é dura, nós temos que mudar".
E eu espero novas mudanças... De preferência amanhã bem cedo.

"Tonquinha"

Ele vai chegar aqui no pula-pula do Gugu
Ele vai chegar em uma tonquinha...

- Meu primeiro amor tem uma foto numa tonquinha...
- Quando ele era bebê?
- Não, quando ele era velho...

(Papo furado de Raquel e Milli numa sexta-feira qualquer...)

domingo, 6 de março de 2011

Mina da frente

Vivemos em uma terra sem lei
A lei é comprada, vendida
Só vale pra quem não machuca ninguém
Para quem é do bem e quer ir além
Do talento e capacidade que tem

Cravado nas veias
Por ser brasileira
Vida maneira
Enrolada nas teias

Incomodado está o moralismo imoral
Tão conveniente aos presentes
Doentes no corpo e na mente
Não compreendem
A vida está além do que entendem

E se ela te surpreende
Jogue fora seus conceitos
Olhe profundamente
Veja realmente
Quem é a mina da frente

(Escrito em outubro de 2008 após as reclamações dos vizinhos, que observam a minha vida como se eu estivesse no Big Brother terem colocado um fim no Arruaceiros Rock Bar, meu bar que em 5 meses sem música ao vivo reunia o maior público alternativo da  cidade)



Por onde eu passar

De repente me dei conta
O tempo está passando
Juro que ontem eu era criança
E hoje não posso ser mais

Me dei conta de outra coisa
Não é só o tempo passando, é a vida

Tomei uma decisão diante disso
Não quero mais correr, acumular
Parecer, aparecer
Não quero ter, eu quero ser

Sei que a vida vai passar
Comigo nada vou levar

Minha escolha é final
Enquanto eu puder
pensar e cantar
Seguirei deixando
Tudo o que tenho
Tudo que sou
Por onde eu passar

(Escrito janeiro de 2008)


Foto de Paula Andrade Álvares

quinta-feira, 3 de março de 2011

Paliativa


Ela está trancada no banheiro
Caneta, papel e seu entorpecente favorito
Perigoso, paliativo, perfeito para a fuga...

Ela está entre tantos outros
No local que considera mais seguro

Foge da realidade
Ignora a ironia
De tentar fugir de si mesma

Ela só quer sobreviver
Escreve para não enlouquecer

Deixa ela
Deixa ela se deixar
Ela vai se encontrar

Morrer seria fácil demais
O destino de simples mortais
O comum, o clássico
Ser transformada em estatística
nos jornais...

Ela vai sobreviver
Mais uma vez

Ninguém duvida
Qualquer hora dessas
Ela vai renascer...

(Escrito em fevereiro de 2009)


Foto de Milli Fernandes

quarta-feira, 2 de março de 2011

Recomeçar...

Recomeço...
Posso dizer que me conheço e reconheço em meio a velhos problemas, canções e poemas que jamais cheguei a finalizar... Admito erros, tropeços, medos... E encaro a mim mesma no espelho com a coragem de quem enfrentou pesadelos... E conseguiu todas as manhãs acordar... E levantar... E seguir em frente. Não ignoro a mulher que me tornei. Embora muitas vezes no espelho eu ainda veja a menina de 15 anos que se transforma e renova a cada dia.
Este ano... Trinta anos.
Não cabe mais a rebelde sem (ou com muita) causa... Complexos sem pauta... São tantos personagens, por que deveria representar aquele que não serve mais?
Vivo uma época de mudanças, planos, sonhos, guerras, lutas e por que não dizer? Esperança...
A pergunta que não cala aqui dentro é... O que faz o universo se mover? O que poderia influencia-lo a conspirar e cooperar para que tenhamos aquilo que desejamos? Uma delas certamente deverá ser... Não parar de desejar!
Desejo neste ano trocar os dramas pessoais de sempre. Vencer a mim mesma naquela meia dúzia de futilidades insanas que me tiram a paz. Amadurecer. Me superar. Que os dramas se renovem, antigas dores cessem para sempre.
Decido... Não sabotar mais o trabalho e a disciplina que necessito, e acima de tudo, não me culpar caso venha a sabotar.
Prometo... Tentar fazer tudo certo e algumas vezes me conceder o direito de fazer tudo errado.
Eu aceito... O que sou, o que amo, o que quero e o que espero.
Este ano não farei nenhuma lista das coisas que quero e preciso fazer. Apenas as farei. Não assino mais contratos comigo. Serei para mim mesma, uma boa e velha amiga.
Quero ser mais Raquel do que jamais fui antes... Quem não entende, pode ir embora.
Mas isso não significa que eu não vá me importar...
Todos os dias acordarei com a missão de ser uma pessoa melhor do que fui ontem.
Por mim.

(Divagações de 1 de janeiro de 2011)


Stonehenge

Foto de Paula Andrade Álvares